quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Teleporte, da ficção científica para a realidade


teletransporte thumb Teleporte, da ficção científica para a realidade
Para os fãs do seriado Jornada nas Estrelas o termo não é estranho. Teletransportar significa desintegrar uma pessoa ou objeto em um determinado lugar fazendo-o reaparecer em outro, talvez a anos-luz de distância.Os autores de ficção científica não explicam como isso acontece. Mas na vida real cientistas conseguiram provar que o teletransporte é possível.
A idéia por trás do teletransporte é a de que um objeto é igual à informação necessária para construí-lo. Por esse raciocínio, um objeto pode ser transportado pela transmissão de suas informações. Que podem chegar ao destino através de qualquer meio de telecomunicação. Quem estiver do outro lado da linha usará seus dados para reconstruí-lo. Para a física clássica, não há nada de excepcional. Tanto que um aparelho com essa capacidade existe: o fax. Porém, se a idéia não é transmitir o que está impresso na folha, mas o próprio papel, tudo muda de figura. Passa-se do domínio da física clássica ao da quântica. Da escala macroscópica para a microscópica, das partículas que compõem o átomo.
Alguém já comparou o mundo quântico ao de Alice no país das maravilhas. É um lugar onde as coisas não fazem muito sentido. Não obedecem ao senso comum. Segundo a teoria quântica, formulada nos anos 20 por cientistas europeus para estudar o comportamento das partículas subatômicas, por incrível que pareça um átomo tem a probabilidade de estar em um ponto do universo e no instante seguinte a milhões de anos-luz dali. Assim, sem mais nem menos. Já foi comprovado. Outra tese quântica no mínimo extravagante é a propriedade de certas partículas se relacionarem de uma forma que lembra a telepatia. Quando ocorre algo com uma, a outra sabe instantaneamente o que aconteceu. Mesmo que esteja a anos-luz dali. Não é um transporte de informação. Simplesmente acontece. 
Essa hipótese de duas partículas possuírem uma "ligação", seja ela qual for, mesmo separadas por distâncias astronômicas, nunca foi aceita pelo mais famoso dos físicos, Albert Einstein. Tanto que na década de 30 apelidou essa teoria de "fantasmagórica". Para reforçar sua tese, imaginou duas bolas de bilhar que se chocam numa mesa. Conhecendo a velocidade de uma após o choque, sabe-se a velocidade da outra. Mas, certamente nunca seria possível alterar a velocidade ou direção de uma simplesmente mexendo na outra.

Einstein combateu tanto essa relação quase siamesa entre partículas irmãs que seu nome acabou ligado ao fenômeno, denominado efeito EPR (Einstein-Podolsky-Rosen, em homenagem a ele e dois colegas que o ajudaram a contestar o efeito). Foi somente em 1982 que um francês, Alain Aspect, conseguiu comprovar em laboratório que o efeito EPR existe mesmo. E, em 1995, Charles Bennett, do laboratório da IBM em Nova York e David Deutsch, da Universidade de Oxford, confirmaram a intuição dos escritores de ficção científica: o teletransporte é possível através do efeito EPR. Mas somente se o objeto original for destruído.
Para chegar a esta conclusão, Bennett e Deutsch levaram ao nível das partículas a idéia do envio do fax. O problema é que o simples ato de tentar copiar partículas quânticas pode destruí-las. É como encostar o dedo numa bolha de sabão para ver sua temperatura: não tem jeito, ela estoura. Para contornar a dificuldade, os físicos se valeram do EPR. Um feixe de laser, desses usados para tocar CDs, foi apontado na direção de um cristal que, sensibilizado, emitiu dois fótons, partículas que transportam a luz. Essas partículas irmãs – batizadas de Vera e Alice – fariam o papel da copiadora. O "objeto" a ser teletransportado, um terceiro fóton, Maria, foi disparado na direção de Vera. O simples encontro de Maria e Vera é suficiente para destruí-las. Antes disso, no exato momento em que Maria e Vera se encostam, Alice, pelo efeito EPR, assume a forma das duas: metade Maria, metade Vera. E assim chega ao seu destino. Para o teletransporte ficar completo, basta cortar essa Maria/Vera ao meio e reconstruir Maria a partir da metade copiada.
Passar esse experimento da escala atômica para a humana é outra história. O corpo humano tem milhões de bilhões de partículas. Não é possível imaginar um artefato capaz de ler todas elas. De todo o modo, a pessoa a ser teletransportada seria destruída no processo. Teletransporte de seres vivos só mesmo com o Capitão Kirk e o Dr. Spock.
Atualmente está comprovada a possibilidade do teleporte de fótons, mas são inúmeros os relatos de ocorrência em humanos, também chamado de ‘desmaterialização espontânea’.
Entre todos os casos de teleporte, o mais ‘famoso’, é o de David Lang, fazendeiro do Tennessee, que, numa tarde de 1880, quando caminhava por uma plantação, sumiu diante de muitas testemunhas, inclusive três familiares seus. A maioria dos cronistas tem especulado que Lang, em comum com outras pessoas que desapareceram misteriosamente, caiu na ‘quarta dimensão’.
Na antiguidade já falava-se, de certa forma, em acontecimentos que lembram o teleporte: 
– no Velho Testamento, o profeta Elias ‘subiu aos céus num rodamoinho’ (II Reis, 2:1). 
  – o grande filósofo e médico pagão do século I, Apolônio de Tiana, transportou-se instantaneamente para Éfeso para cuidar dos doentes de uma peste. 
– muitos santos cristãos, segundo a lenda, foram de um lugar para outro com rapidez semelhante, ‘levados por anjos’…

Em 1881, o cientista Harold T. Wilkins iria propor:
"A matéria é ‘sólida’ apenas no que diz respeito à percepção humana. No nível atômico, pode ser descrita, na maioria das vezes, como espaço vazio. Um ser humano atraído a um tal vórtice na matéria ou rodamoinho, pode ser largado noutro lugar a dezenas e até milhares de quilômetros do ponto de partida. Às vezes, de fato, parece que o vórtice pode agir a distâncias astronômicas de modo a teleportar um ser de um planeta para outro."

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